quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Cotidianos
" Por entre atalho fiz o dia aparecer. Arrancado a fórceps. Levantei como se o amargo fosse um raro existir. Lembrei das constâncias, das faltas, dos excessos e suas sobras.Arrumei a cabeleira despenteada. Da noite quente, minhas coxas ainda carregavam a dor do ventre. Senti meus dedos finos sobre a xícara de café com leite. Olhei-me no espelho, sorri para a fragrância de jasmim. Em tons amarelados comecei a escrever mais um dia, opaco e levemente perfumado como cheiro doce que sentia em minha vó todas as manhãs quando tinha vida. Dói as lembranças. Era mais um dia na transparência de existir e eu precisava matá-lo, parir a noite, fechar feridas e esperar o acontecer."
Texto: Fátima Lima
Foto: Fátima Lima
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BRAVO!!!!!
ResponderExcluirAbraços
O texto, como sempre, maravilhoso. Mas esta foto que ilustra o post é magnífica. Vc quem tirou?
ResponderExcluir=D
Diógenes, é minha sim. Tirei da janela do ap às 05:30. O resto do mangue que ainda existe no rio poxim e as silhuetas dos prédios que ainda estão por vir.Abraços
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