“ Lembro da primeira vez que vi um campo de trigo. Meus olhos encheram-se de lágrimas. Em cima da terra vermelha, um tapete dourado se movia unissonante ao silêncio dos ventos.Não sei se o novo estava naquilo que nunca tinha visto ou se a novidade se fazia com o que se prenunciava sem nunca antes tivesse sido visto. Não importava. Na frente do carro, entre terra-roxa, trigos e araucárias, tagarelava como forma de aplacar minha perplexidade. Atrás, ela e a mãe, esta a fazer tricô; fios de uma história ainda por tecer. Demorei um tempo para entender, aqui, a sua perplexidade diante da alvura das dunas e da imensidão dos coqueirais. Demorei para perceber que havíamos perdido a capacidade de nos inusitar. Fragmentos de memórias desvelam a falta de nos "perplexar" e "estranhar" o tão demasiado cotidiano..."
Para você...
Texto: Fátima Lima
Foto: Fátima Lima ( fragmento da tela "Trigos" - giz de cera de Kathleen Cruz)
[o espectáculo original do mundo, torna-nos tão frágeis... para o bem e para o bem]
ResponderExcluirum imenso abraço
Leonardo B.
Já fui seu aluno de Antropologia e agora nos encontramos aqui.
ResponderExcluirEsse post:
http://adpontocom.blogspot.com/2009/12/trans-e-pop.html é consequencia de uma de suas aulas, lá pelos idos de 2001/2002. Abraços.
O campo de trigo é o momento mais reflexivo do inverno. Profundo!!!!
ResponderExcluirAd que legal. Agora sem foto e só por Ad não sei se vou me lembrar.. Muitos alunos. Além disso, faz tempo 2001... Bom, conheci seu blog através do blog de Diógenes ( o qual adoro os textos) e achei super interessante e " Fashion". Fico feliz que nossas conversas, em aula, sobre gênero e sexualidade contribuam para construção de postagens.
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