sexta-feira, 23 de outubro de 2009

" Noite"


" As vidas sempre estiveram ali, na sua frente, presentes como se fossem dádivas... Mas não gostava de dádivas. Era muito, pensava ela; manifesto de uma "estrutura" dura consigo mesma. A simplicidade e a forma como o cotidiano se fazia, parecia imperceptível aos seus olhos.De onde vinha essa "negação" de um acostumar-se com si mesma? De onde vinha o fascínio por se colocar sempre em "perigo"? Também pudera sempre gostara das margens....Estivera sempre à margem: à margem do corpo, à margem do gênero, à margem do "amor"? E o que era o amor? Esse sentimento tão condescendente? Tão supostamente "puro", ileso a qualquer coisa que o defrontasse com ele mesmo...Não pensou em questionamentos. Deixara para trás todos os conceitos, explicações, concepções psicanálitas e se jogou no olho do furacão.. Desceu e sucumbiu-se a violência de si mesma.. Não há violência pior do que violentar a si mesma, mas não via nada.. porque nada havia de ver, porque há momentos que não há nada para ver, há momentos que "eros" impera... e tomados por uma cegueira "thanatos" completa sua saga.. Sabia, naquele momento, que era preciso morrer, mortes constantes, fragmentos de mortes, resquícios de nossas auto-sabotagens"
Eros: representação mítica da paixão, da irracionalidade, dos afetos..
Thanatos: representação mítica da morte

Texto: Fátima Lima
Imagem: " Noite" de Van Gogh

Um comentário:

  1. Oi Professora... Achei seu blog muito legal... Não sabia que escrevia poesias...

    Wiliane

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